terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Demorou um tempo

Demorou um tempo, mas eu percebi que minha felicidade está nas coisas simples, que passear na rua num dia de sol enche minha alma de prazer.
Demorou um tempo, mas eu percebi que as pessoas mais críticas e pessimistas são, na verdade, as mais feridas e que se veem sem saída.
Demorou um tempo, mas eu percebi que observar as pessoas na rua, em silêncio, é um modo fácil e até engraçado de distração. Que cada uma tem um jeito peculiar de andar e demonstrar (ou tentar esconder) o que está vivendo. Isso nos faz iguais.
Demorou um tempo, mas eu percebi que mesmo o mais imponente dos homens tem um ponto fraco, uma ferida guardada, um rancor mal resolvido, um medo escondido.
Demorou um tempo, mas eu percebi que a manhã é uma das melhores coisas que podem acontecer na vida da gente. Nem sempre vale a pena desperdiçá-la dormindo. É mais gostoso abrir a porta de casa, olhar o céu lá fora bem cedinho e agradecer a Deus por mais uma oportunidade.
Demorou um tempo, mas eu percebi que chocolate demais nunca vai me fazer bem. Meu fígado sempre vai se ressentir do que estiver em demasia.
Demorou um tempo, mas eu percebi que a vida voa, sem que tenhamos nenhum controle sobre ela. Só Deus pode direcionar nosso caminho corretamente. E se tentamos assumir as rédeas, encontramos a frustração.
Demorou um tempo, mas eu percebi. Senti. Apalpei. Degustei.
Demorou um tempo, mas eu aprendi.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dostoiévski

"Os homens comuns preferem as certezas tranquilizadoras e a disciplina cega aos tormentos da liberdade."

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Estudar

Estou mergulhada em orações subordinadas, reciclando o que sei, ampliando conhecimentos, estudando.
De vez em quando faz bem a gente investir naquilo que gosta, não apenas em hobbies, mas em estudo sério mesmo. Em pós-graduação, em faculdade, em diploma. Estudar alarga a mente, a visão.
Estudar é libertador. Só quando se estuda se descobre isso.
Deus permita que eu estude sempre. Até morrer!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Arejar

É uma delícia arejar a cabeça, pensar um pouco em mim mesma, reservar um tempo para meus gostos pessoais, minha construção como pessoa. Gosto muito de passar um tempo sozinha. Tomando um chá gelado e ouvindo música. Como diz Bia Martins, "Sair do nada, rumo ao nada pode ser a melhor das viagens".

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Amar a Deus

Deus se levanta e Seus inimigos tremem.
Ele é fidelíssimo.
Está no meio de nós.
É um Deus sensível, que se faz pequeno na Eucaristia, justo e misericordioso igualmente.
Ele é um Deus de perto, não de longe!
Como é bom amar a Deus!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Renúncia

"Era tudo tão difícil, tão difícil, que, exausta, eu desisti.
Isso não quer dizer que eu deixei de amar. Isso quer dizer que eu desisti de sofrer. E, quem sabe, também, de causar sofrimento."
(Ana Jácomo)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sobre a falta de tempo que nos aproximou da gente.

Porque as distâncias eram grandes, escreviam-se cartas. Porque era preciso esperar as cartas, havia tempo. Porque havia tempo, falava-se de amor. Porque falava-se de amor, escreviam-se mais cartas.
E porque era preciso fazer as cartas chegarem mais rápido, construíam-se estradas. Estradas que nos levaram mais rápido ao futuro: encurtaram-se as distâncias.
E porque encurtaram-se as distâncias, aumentou o trabalho. E porque o trabalho aumentou, escasseou o tempo. E pela escassez de tempo, cessaram as cartas. E pela falta das cartas, recesso para o amor.
Porque o amor entrou em recesso, o avanço. E porque veio o avanço, criou-se a tal rede. E porque a rede se criou, encurtaram-se as distâncias. Até mesmo entre os amores. Até mesmo entre os tempos.
E no mundo contido dentro da rede, nasceram de novo as cartas. Agora instantâneas. Que, como aviõezinhos de papel, eram lançadas incessantemente de uma ponta a outra do mapa. Palavras, dores, saudades e sons percorriam num susto longas distâncias, para chegar aos ouvidos da outra ponta do mapa.
O mundo virou teia de cartas. Um emaranhado de dores e amores e gentes se vendo e ouvindo e dizendo em todas as línguas. Um mundo abraçando o mundo carente de cartas, caminhos, estradas e de andar a pé pra relembrar.
Virtuais, as cartas tornaram amores reais.
E a cada nova carta, um mundo de amor. A teia. E a cada novo mundo, mais cartas. E já não era possível desfazer os nós. E as pessoas deram-se as mãos, como antes não acontecia. E eram semelhantes as mãos que se davam, sem que a distância fosse empecilho. E era de mãos também a grande teia.
Mas, como o virtual brilhasse, o real perdeu sua força. Não mais se olharam as pessoas. O amor em recesso mais uma vez.
E como o recesso faz buracos, mais gente da ponta do mapa procurou gente da outra ponta. E do meio. E de um pedacinho ao sul ou ao norte. E as latitudes as mais diversas passaram a se olhar, como não mais os olhos se olhavam. E como as palavras de longe chegavam ao pé do ouvido, falou-se de perto. E porque de longe acendiam-se almas, encurtaram-se as distâncias.
Mas, um dia, de tanto viajarem as cartas, encurtando distâncias e mais distâncias, alguém olhou para o lado e descobriu a verdade.
O longe estava perto. O perto estava longe.
E assim a escassez de tempo nos aproximou da gente. A escassez do tempo nos disse verdades com sua voz rouca. E nos perguntamos se tudo isso fazia sentido. E choramos. E escrevemos novas cartas. E nos demos as mãos de verdade. E nos olhamos no olho. E redescobrimos o tempo.
E amamos. Não mais a escassez. Não mais o virtual. Não mais o longe.
E permanecem as cartas que vão e voltam. Mas o amor não entra mais em recesso.

Texto de Cris Guerra, sempre maravilhosa!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Florescer

Hoje é um dia bom.
Um dia em que o coração está florindo. Sinto que ele se permite florir um pouco receoso, meio dolorido, medroso rs, mas ele se dá a chance de nascer em flor.
O sol lá fora colabora, a chuvinha da madrugada umedeceu a terra, o germe da vida é forte demais para ser suprimido.
Florescer diariamente é um exercício de fé.
Um exercício de acreditar que será possível, que a vida vencerá de novo, que é possível enfrentar obstáculos e continuar vivendo.
Cada novo dia é uma vitória. E só quem está no meio da luta compreende o sabor que ela tem.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Perigo

Tem dias, percebo, que eu sou a maior ameaça pra mim mesma.
Eu coloco meu coração e meu ser inteiro em segundo plano, como se fosse inimiga da minha própria felicidade.
Eu coloco a opinião dos outros acima daquilo que eu mesma penso.
Penso mais no bem do outro no que no meu.
Como se eu também não precisasse ser feliz.
Tem dias, percebo, que sei bastante coisa a meu respeito, sei bem o quero e o que não quero, mas tenho receio de admitir, tenho medo de me lançar, de acreditar no meu coração.
Tem dias, percebo, que o medo extingue meu espírito de luta, de sobrevivência, de esperança.
Então me sinto fraca, pesada, seca, minguando.
Tem dias, percebo, que todas as coisas que aprendi parecem não fazer sentido ou não ter lugar na minha existência.
E eu me sinto em combate contra mim mesma, precisando me convencer de que tenho sentimentos legítimos. E é uma confusão total.
Tem dias, percebo, que sair correndo não adianta, porque o dilema tá aqui dentro e vai me acompanhar na corrida.
Tem dias, percebo, que dormir ajuda a esquecer um pouco e recarregar as baterias pra continuar no dia seguinte.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A hora certa

É corretíssima a palavra que diz: "Existe um tempo para cada coisa".
De fato, tenho constatado de modo dolorido que se deixamos passar a "hora da graça", as coisas perdem o seu brilho e até o sentido.
Há o tempo certo para iniciar um namoro e para terminá-lo.
Há um tempo certo para celebrar o aniversário e para prepará-lo.
Há um tempo certo para agir e para esperar.
Há um tempo certo para comprar e para doar.
Se por medo ou dúvida a gente não faz o que tem que ser feito na hora certa, depois isso acarreta um grande peso em nossas costas. As coisas se resolvem com um "estepe", com o plano B e não como deveriam ser resolvidas de verdade.
Quero hoje a coragem e a sabedoria para fazer tudo no seu devido tempo. Sem me cansar e sem me adiantar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Silêncio

"Queria muito ter devolvido a pergunta,
mas fiquei presa no silêncio da minha resposta."

(Bia Martins)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

No dia de hoje

No dia de hoje sensibilidade.
No dia de hoje cascas, pé no chão.
No dia de hoje estou mais na minha.
No dia de hoje, 1 ano e 8 meses atrás, eu estava no exterior com minha mãe e hoje ela não está aqui mais.
No dia de hoje muita coisa à flor da pele.
No dia de hoje confiança em Deus é só o que me resta.
No dia de hoje muitos passos pra dar, muita vontade de não fazer nada. Apenas dormir.
No dia de hoje lamentos.
No dia de hoje vontades.
No dia de hoje lembranças muito boas.
No dia de hoje saudade.
No dia de hoje a busca pela compreensão.
No dia de hoje solidão.
No dia de hoje viver.
No dia de hoje amor.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Até quando?


Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve
Você pode e você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver

Até quando você vai ficar usando rédea
Rindo da própria tragédia?
Até quando você vai ficar usando rédea
Pobre, rico ou classe média?
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura

Até quando você vai levando porrada, porrada?
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando porrada, porrada?
Até quando vai ser saco de pancada?

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
Seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Você tenta ser contente, não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante
É tudo flagrante
É tudo flagrante

A polícia matou o estudante
Falou que era bandido, chamou de traficante
A justiça prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado e absolveu os PM's de Vigário
A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco:
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco

A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que pra você não ver que programado é você
Acordo num tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede diploma, num tenho diploma, num pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá

Consigo emprego, começo o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego mas na hora que chego só fico no mesmo lugar
Brinquedo que o filho me pede num tenho dinheiro pra dar
Escola, esmola
Favela, cadeia
Sem terra, enterra
Sem renda, se renda. Não, não

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro.

(Gabriel, o pensador)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Monstros

"Antes, o monstro que me amedrontava morava debaixo da cama.
Hoje, dividimos o travesseiro."
Felipe Carriço

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não é tarde!

"Nunca é tarde demais, ou cedo demais,
para ser quem você quer ser. Não há limite de tempo.
Comece quando quiser. Mude ou continue sendo a mesma pessoa.
Não há regras para isso. Você pode tirar o máximo proveito ou o mínimo.
Espero que tire o máximo. Espero que veja coisas surpreendentes.
Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes.
Espero que conheça pessoas com um ponto de vista diferente.
Espero que tenha uma vida da qual se orgulhe.
E se não se orgulhar dela, espero que encontre forças para começar tudo de novo".

(O Curioso Caso de Benjamin Button)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sabedoria do Papa

O Papa é maravilhoso. No Reino Unido, disse muita coisa boa, mas três merecem especial destaque:

1- “Ter dinheiro possibilita ser generoso e fazer o bem no mundo, mas, por si mesmo, não é suficiente para fazer feliz. Estar altamente qualificado em determinada atividade ou profissão é bom, mas isso não os preencherá de satisfação, a menos que aspirem a algo maior. Chegar à fama não faz feliz”.

2- “A felicidade é algo que todos querem, mas uma das maiores tragédias deste mundo é que muita gente jamais a encontra, porque busca a felicidade nos lugares errados”.

3- "Por isso, a verdadeira felicidade encontra-se em Deus. Precisamos ter o valor de pôr nossas esperanças mais profundas somente em Deus, não no dinheiro, na carreira, no êxito mundano ou em nossas relações pessoais, mas em Deus. Só Ele pode satisfazer as necessidades mais profundas de nosso coração. Não se contentem em ser medíocres.”

LONDRES, sexta-feira, 17 de setembro de 2010, Papa Bento XVI para 4 mil estudantes católicos britânicos.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ao alcance

Existem objetivos que são altos, muito altos, e nem por isso impossíveis de ser alcançados.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Era uma vez

- Cá - me disse um amigo -, cada um escreve sua própria história. Não deixe ninguém escrever a sua no seu lugar!
Como é gostoso escrever minha história! Não existe liquid paper para apagar fatos e passos dados erroneamente, mas mesmo assim eu faço um traço sem rasura no que não foi escrito certo e continuo. Tenho aprendido todo dia que ser livre é saber fazer o que é certo, é não trair a mim mesma, é amar sem reservas. E que não agir assim acarreta prejuízos sem conta a mim mesma, em primeiro lugar, e depois aos que me amam.
E faz parte dessa história a constatação de que existem alguns poucos problemas na humanidade. E que todo homem sofre dos mesmos problemas. Uns de uns, outros de outros, mas até para sofrer somos todos iguais. E olhar o ser humano dessa forma já me faz entendê-lo de modo diferente e compassivo. Me faz perceber que os que realmente pensam ser melhores, tadinhos, ainda não puderam amadurecer seus caminhos, ainda não encontraram o verdadeiro sentido da vida, ainda não evoluíram o suficiente.
Que na mesma linha, os que se sentem inferiores também não alcançaram a percepção aguçada e imutável da fraqueza humana, do fato de que existir em plenitude é para todos, desde o ser unicelular até o mais complexo.
Não quero escrever a lápis. Tenho escrito à caneta. Sem medo, com a liberdade e simplicidade que me fazem bem. Com o gosto saboroso de cuidar da minha história porque a do outro é dele. E cada um tem a sua.
Coração sedento, caneta na mão, vida voando...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Igualdade

Todas as pessoas.
Mesmo as mais instruídas.
Mesmo as mais cultas.
Mesmo as mais tristes.
Mesmo as mais sábias.
Todas. Sem exceção.
Têm recalques, solidões,
complexos, questões não resolvidas dentro de si,
medos, culpas, dúvidas.
A igualdade do ser humano é desconcertantemente maravilhosa.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Nova semana

A semana se iniciou toda bonita, cheia de paz.
Como é gostoso acordar reconciliado consigo mesmo, com a vida, com Deus.
"Dia de luz, festa de sol e um barquinho a deslizar no macio azul do mar..."
Coloquei uma armadura impermeabilizante ao meu redor, contra todo tipo de mesquinharia, tristeza, arrogância. Tenho me permitido avançar com meu barquinho de modo mais natural, sem tanta cobrança pessoal, sem um olhar crítico que não impulsiona, ao contrário, leva para traz.
Sentir o vento no rosto, o sol refletindo na água e aquele cheirinho de maresia é bom demais para enxergar possibilidades nessa vida surpreendente.
Deus é surpreendente. E aquilo que vem Dele tem essa mesma característica.
Gosto muito disso.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Que delícia!

Não sou responsável pela existência do outro!
Todos são livres para fazer suas opções, seguir suas trilhas, assumir suas responsabilidades. E ninguém é responsável por isso, senão as próprias pessoas. Sem medo de sofrer e longe de qualquer egoísmo, consegui degustar essa realidade durante esta semana. Eu sou responsável pela minha existência. Ponto. A vida do outro não me pertence. Ele é livre para ser o que quiser. Assim como eu. Que realidade linda!

domingo, 22 de agosto de 2010

Comportamento

Nosso comportamento não determina ocomportamento das pessoas.
Recebi de presente um termômetro pessoal. Ele serve para não me deixar esquecer qual é minha medida. Muito bom e útil. Não deixa eu ultrapassar minhas possibilidades enquanto pessoa. Tem sido muito proveitoso. Ele me lembra de impor limites às pessoas, a seus comportamentos agressivos e imaturos, para que eu não me fira. Me lembra que não devo permitir que elas me invadam quando acham que podem. Ele também me ajuda a degustar meus sentimentos. É muito bom esse instrumento. Em fatos e situações, ali descubro o que sinto e ponho para fora o que sou. Distingo amor e escravidão, dependência e afeto verdadeiro. Amo sem reservas, sem medo, respeitando e sendo respeitada.
Presente bom esse que me faz viver melhor.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A construção

"Eles ergueram a Torre de Babel
Para escalar o Céu,
Mas Deus não estava lá!
Estava li mesmo, entre eles,
Ajudando a construir a torre."

(Mário Quintana)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Vestiário

Como num jogo de futebol, tenho sofrido muitas faltas e cometido outras tantas.
Preciso conseguir acertar a bola no lugar certo, sem ser agredida e sem agredir.
O difícil é que neste momento do jogo já não quero mais jogar. As pernas não correspondem, a cabeça está a mil e a sensação de derrota me faz querer parar com tudo.
Deito, então, no gramado, e fico ali quietinha, enquanto o jogo continua pra outros.
Pra mim tá bom assim. Quietinha, na minha. Mas sempre vem alguém que insiste em me tirar da grama, do descanso.
Hoje quero o vestiário. Nada mais. Essa é a medida de hoje.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Existência

Estar com quem se ama é muito importante para a felicidade, mas tão importante quanto é onde se está.
Não pensava assim até anos atrás. Imaginava que o simples fato de estar cercada de gente querida contribuiria para a minha felicidade. E aos poucos fui descobrindo que é o lugar onde vivo que me permite (ou não) existir, me permite (ou não) ser. Porque é nele que posso desenvolver (ou não) a minha vida, as minhas habilidades, minha existência. Assim como um peixe não pode ser na terra e uma baleia não pode ser na água doce (quem disse que água é água e não faz diferença?), para existir plenamente eu dependo, sim, do lugar onde estou inserida. O lugar pode, sim, construir ou destruir, desenvolver ou oprimir a história que trago no coração e na mente.
O resto é uma questão de lógica, vida ou morte: se eu não posso ser quem sou onde vivo, não existo bem, não me sinto completa, não sou feliz. E a recíproca também é verdadeira: quando estou onde posso ser eu mesma, com os meus gostos, minhas potencialidades e minha plenitude, então estou existindo de verdade.
Resultado do problema: existindo plenamente, posso ser para o outro e valorizá-lo na existência dele.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ana sempre Ana

"Às vezes é preciso diminuir a barulheira, parar de fazer perguntas, parar de imaginar respostas, aquietar um pouco a vida para simplesmente deixar o coração nos contar o que sabe.
E ele conta. Com a calma e a clareza que tem."
(Ana Jácomo)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Hoje

Que hoje eu seja, outra vez, o que preciso ser.
Sem me omitir, sem me amedrontar de cumprir meu papel.
Hoje, não amanhã.
A vida bonita que Deus me deu seja vivida com todo afinco que há em mim.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Votos

Que hoje e sempre eu resista à vontade de desistir, eu viva minhas convicções com tal zelo que nada me demova do amor que tenho por elas. Elas representam o que eu sou e eu amo ser quem sou.
Que eu não me perca em confusões, em dúvidas, em relativismos, porque tenho certeza das opções que fiz e meu tesouro está onde está meu coração.
Que eu supere a superficialidade e aprofunde o que interessa, o que realmente importa e faz viver.
Que eu saiba afastar o que me destroi e investir no que constroi.
Que minha disciplina aumente e minha liberdade também, porque estão intimamente conectadas.
Que eu seja amiga de mim mesma.
Que não me traia.
Que eu siga pelo caminho que sinto estar correto, sem me desviar nem para a direita e nem para a esquerda.
Que eu desfrute da felicidade que vem de tudo isso.

sábado, 17 de julho de 2010

Equilíbrio

"É preciso muito equilíbrio para saber a hora de não se levar tão a sério." (Fernanda Mello)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tem vez que cansa

O texto é de Ana Jácomo. Ela pôs em palavras o que meu coração está dizendo há algum tempo.

Tem vez que cansa. Cansam portas fechadas, chaves que não abrem as portas fechadas, a angústia por ainda não se saber como abri-las. A vontade que tece o seu ninho nos galhos mais verdejantes e passa tempos chocando ovos que parecem que não vão mais se romper. A espera pelo voo das borboletas que demoram crisálidas para se desvencilhar dos casulos. O repetido surgimento do não quando a vida da gente prepara incansáveis banquetes de boas-vindas para o sim. O quase que se prolonga tanto que causa a impressão de ser interminável. E, à espreita, sempre acompanhando os movimentos da nossa coragem, à distância, a perigosa perspectiva do nunca, aguardando cada brecha criada pelo cansaço para tentar nos dissuadir dos nossos propósitos.

Tem vez que cansa, sim. E parece que somos incapazes de mais um único passo fora do território do nosso cansaço. O ânimo desaparece sem deixar vestígios, pegadas na areia que nos levem até onde as suas águas refluem. Sabemos que ele permanece lá, em algum lugar que temporariamente não acessamos, como o sol por trás de nuvens que querem chover mas não conseguem. Sabemos que ele está lá e que precisa apenas de um tempo para se recompor. Para soprar as nuvens e voltar à cena. Para retomar o caminho com a gente. Para nos lembrar outra vez, depois de outras tantas, que, aconteça o que acontecer, sob hipótese alguma queremos desistir do que nos importa.

Tem vez que cansa. E parece que não há nada que possamos nos dizer que revitalize, de imediato, a crença na nossa capacidade de transformação. Não é raro, sequer conseguimos ouvir a nós mesmos, a comunicação interrompida pelos ruídos momentâneos da negatividade. Aquela conversa fiada mental que não nos leva a nenhum lugar bacana, o olhar estreito que não vê coisa alguma além do nosso próprio desânimo. Esse cansaço às vezes é acompanhado por uma tristeza muito doída, que pede o nosso melhor abraço; outras, por uma raiva que pode se fantasiar com um monte de disfarces. Quando a gente se cansa em demasia, o coração não canta, as cores desbotam, o tempo se arrasta pelos dias como se estivesse preso a imensas bolas de ferro.

Tem vez que a vida da gente cansa. Pele sem viço, olhos sem lume, pés doloridos, os ombros retesados pelo peso que carregamos. Cansa e precisa sentar um pouco para descansar, respirar grande, recobrar o fôlego. Cansa e procura sombras de árvores, banhos de silêncio, acalantos capazes de fazer os medos dormirem. Cansa e pede alegria, esse hidratante natural maravilhoso, também indicado para as fases de ressecamento da alma. Cansa e quer nossa atenção amorosa, nossa escuta sensível, nosso cuidado macio, a generosidade própria dos amantes, essas dádivas que afrouxam apertos, massageiam a coragem, e fazem toda diferença do mundo, não importa qual seja a textura do sentimento da vez.

Tem vez que a vida da gente cansa e, se for suficientemente amada, depois retoma o caminho ainda mais forte. Ainda mais bela, carregada de brotos das flores que mais dizem nossa alma. Inteira.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Tá chovendo

Hoje amanheceu chovendo. Fazia tempo que isso não acontecia.
O tempo anda seco, o sol forte, mas, por algum motivo, o céu resolveu derramar-se e o clima mudou.
Foi sem aviso, de repente, e aí está a chuva, alterando os planos de férias de muita gente.
Com a vida é assim também. A gente passa por mudanças, experimenta situações inesperadas e é preciso seguir em frente, ainda que refazendo alguns percursos, mudando rotas para se adaptar ao novo.
E como a chuva rega a terra e a ajuda a produzir frutos, as mudanças constroem alicerces para um tempo de amadurecimento que está a caminho.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Vida

Quando eu deixo, a vida floresce. Floresce trazendo surpresas. Sempre surpresas. É verdade, algumas são desagradáveis ou não tão boas. Mas o importante é ter em mãos o fruto da vida e saber lidar com ele.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Elementos

Começo de gripe.
Nariz "endubido".
Olhos ardendo.
Sonolência.
Dia de Sol.
Coração em paz.
Silêncio interior.
Fé.
Tranquilidade.
Esperança.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Valores

Ter o universo interior largo é varrer diariamente a poeira e dar espaço às bênçãos próprias de cada dia.
O amor de Deus por mim é imenso, não pode ser medido.
O respeito de Deus por mim é lindo.
A presença de Deus em mim é o maior tesouro que posso ter.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Mensagem matutina

O dia hoje está ensolarado.
Bonito. Acordei e assim que chequei meus e-mails havia na minha caixa de entrada uma mensagem linda de uma pessoa linda:
"Mente é casa que não tem paredes, mas nos acostumamos a viver como se tivesse. E, não é raro, passamos temporadas no cômodo mais apertado". (Ana Jácomo)
Ensinamento que ecoa em meu coração e colabora com meu crescimento pessoal. Estou abrindo hoje minhas janelas, meus horizontes, minhas fronteiras. Derrubo as paredes da mente que são inexistentes, mas aprisionadoras.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Descrevendo-se ela me descreveu

É assim todo dia. Toda vez que ouço a sirene de uma ambulância. Sentada ao volante do carro, parado ou não, ao ouvir uma sirene me lembro daquela que eu sabia ser em vão. [...] Lembro dessa burrice bonita de que é feita a última esperança. Lembro de insistir em não acreditar no que meus olhos gritavam para eu ver. [...] Eu me lembro de lembrar do medo e, então, tudo fazer sentido. De uma vontade de estar errada, como das outras vezes. [...]
Diante de mim o silêncio e a não explicação. No pensamento, sonhos que eu não admitia mortos também. Atrás de mim uma despedida que não foi. [...] Lembro da dor de pensar que nunca mais haveria resposta. Lembro de um desespero e de voltar atrás na tentativa de não acreditar. Para que não me faltasse o ar. Um turbilhão de pensamentos rápidos envoltos por um mundo parado. Como se eu não respirasse, embora eu respirasse. Como se o meu coração também tivesse parado de repente. [...]
Lembro de imaginar a suavidade violenta que deve ter sido aquele segundo entre o estar e o não estar mais. Lembro de um silêncio agudo que ainda insistia. [...] E de ainda conferir, como se a qualquer momento a vida pudesse mudar de ideia, como se alguém estivesse prestes a desfazer aquela brincadeira de mau gosto. Eu me lembro de não entender. [...]
Eu me lembro de uma lembrança que sempre volta urgente. Já faz mais de um ano, eu ainda me lembro e acho que nunca vou esquecer.
(Cristiana Guerra)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Educação

"A televisão é muito educativa. Toda vez que alguém liga uma , entro no quarto para ler um livro." (Groucho Marx – ator e humorista americano – 1895 -1977)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Quem procura acha

Todos estão à procura de alguma coisa nesta vida. Certo é que cedo ou tarde a gente acaba encontrando. Anseios, projetos, felicidade, pessoas, Deus, carreira, amizades, satisfações... Cada um está atrás de algo diferente. E eu procuro me alegrar não só por encontrar o que busco, mas pela certeza de que esse encontro acontecerá.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Tecer

"A vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vez em quando só vai ser arrematado lá na frente."


Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tricô

Muita coisa sendo vivida....
Lembro-me sempre do blog.
Nem sempre quero escrever. Às vezes sim e não dá tempo.
Às vezes vem o tempo, mas falta a vontade.
Estou na fase do tricô.
Tear, lã, linha... uma coisa ligando a outra e a outra e a outra...
Tecer é uma forma manual de tentar entender.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Alguma poesia

Gastei uma hora pensando num verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

(Carlos Drummond de Andrade -1930)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Corpus Christi

A festa do Corpo de Cristo continua acontecendo em meu coração...
Quero que ela perdure, porque a Eucaristia é revigorante, fonte de salvação, abrigo seguro onde quero estar inserida para sempre.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Só riso

Essa madrugada foi interessante.
Sonhei não sei com quê. Não ficaram em mim as imagens do sonho, mas a sensação que elas produziram.
No meio do sonho me deu uma baita crise de riso. Eu ria mole, quase acordando, sem forças por causa do sono, mas ria pra valer, achando muita graça de alguma coisa que não sei descrever, porque não me lembro mais. Ria, ria, ria, até ficar ainda mais sem forças. Aí acordei mesmo. E ri novamente por lembrar do riso.
O corpo todo relaxado, embalado pela fraqueza gostosa do riso misturado à sonolência. E eu ri outra vez.
Aí, quando os motivos pareceram ter acabado, virei para o lado e dormi profundo de novo. Dessa vez com seriedade, como quem dá a devida importância ao ato de dormir.
Acordei hoje e a primeira lembrança que tive foi a do riso. Que será que houve comigo, meu Deus?
E saí da cama rindo outra vez.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

1/3 de mim

“A flor respondeu: ‘acha que abro minhas pétalas para que vejam? Não faço isso para os outros. É para mim mesma. Porque gosto. Minha alegria consiste em ser e desabrochar’.” (Schopenhauer)

Gosto de vida, de arte, de gente, de movimento.

Aprendi a amar a terra, o barro, o pisar na grama, sem deixar de apreciar grandes avenidas, construções, arranha-céus.

Gosto de bolacha de chocolate com mostarda, de comida agridoce, de frutas no meio da salada e de pimenta.

Banho de chuva, parque de diversões, cavalheirismo, lua cheia, um filme romântico, andar a cavalo, um bom livro e o ronronar de um gato no colo. No frio, um cálice de vinho tinto com um generoso pedaço de queijo. No calor, um banho gelado, lençol de cetim, passeio de mãos dadas na rua, caldo de cana na feira, andar de banana na praia e vento no rosto.

Amo o mar (como é grande!) para olhar, contemplar, relaxar, mas para nadar prefiro piscina. Água de coco, polenta frita, castanha do Pará, mussarela de búfala e almeirão temperado com limão galego.

Cozinhar com amigos, bater papo, encontrar gente querida, receber um presente inesperado, comer melão gelado (hummm!), olhar um beija-flor na janela da sala, dar banho no cachorro e vê-lo escapar molhado pela casa. Recordar histórias, pisar na neve, reler o livro preferido, assistir a um concerto musical, ir a Campos do Jordão e tomar um caldo quente, ver uma peça de teatro em São Paulo, comer bolinho de bacalhau, ter uma surpresa, tomar amarula, dançar quadrilha, ir à missa, morar em cidade grande, andar de escuna, conhecer lugares novos, conversar, falar inglês, viajar, revelar fotos, dormir profundo, ter um dia na semana só pra mim.

Dançar, usar vestidos de festa, salto alto, ouvir música boa, passear de buggy, comer acarajé, experimentar outros temperos, namorar, ouvir piadas, ver o sol nascer, dormir tarde, nadar em cachoeira, aprender coisas novas, receber olhares apaixonados, ouvir camelôs gritando na 25 de março, ir à Pinacoteca, escrever, segurar a bolsa e sentar na praça da Sé, ir ao cinema na Avenida São João, beber um submarino no “Rei do Mate”, comer pastel vagabundo, valorizar as pequenas coisas e trocar o salto pelo chinelo.

Sopa de laranja, salmão grelhado, suco de uva verde, migas, sorvete de panetone, pão com chocolate derretido.

Acordar com um “eu te amo”, dar risada de um tropeção, sentir que a vida está somente começando, ajudar e receber ajuda, sentir a liberdade de errar e poder voltar atrás, usar uma roupa confortável, pedir perdão, aterrissar depois de uma viagem longa, voltar pra casa, receber uma massagem no corpo todo, passear com cachorros, comer arroz e feijão, fazer planos, ver sonhos se realizando, viver a páscoa, fazer análise, admitir erros, sentir que o amor não acaba e que as pessoas são eternas.

sábado, 22 de maio de 2010

Solidão

Solidão não é estar longe das pessoas, mas não ser compreendido por elas. Vive-se a solidão quando se procura alguém disposto a ouvir e acolher, mas se encontra somente quem acuse e julgue. Quem tem pressa e vontade de cuidar das próprias coisas e não tem paciência de escutar uma partilha, captar nos detalhes a necessidade de um coração saudoso, sedento, humano. Vive-se a solidão quando aquele que se digna a ouvir demonstra desinteresse ou cansaço diante do que é dito. Vive-se a solidão quando no coração existe uma busca quase cansada de colo, carinho genuíno, mas se encontram prazos, regras rígidas que trazem tolhimento, não liberdade. Vive-se a solidão quando a vida anseia pela liberdade de poder ser ela mesma sem dar muita satisfação e continuar se sentindo amada, aceita. Vive-se a solidão quando se mendiga por atenção que todo mundo tem direito a ter, mas vc não. A não ser que seja e faça o que os outros querem.

Há vários tipos de solidão. Todas elas dolorosas. Todas elas tristes.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Observação

"Viajamos para admirar lugares, eventos da natureza ambiental e até o movimento das estrelas, no entanto não paramos para nos admirar. Não nos preocupamos com o que está dentro de nós, que é do que somos constituídos. Aliás, só buscamos entender as razões internas quando algum problema aparece, antes disso nem percebemos a existência desses processos orgânicos." (Santo Agostinho)

Com todos os meus processos e minhas dificuldades, com todas as minhas alegrias e meus crescimentos, e sem nenhum egocentrismo, admito que sou uma maravilha. O ser humano é uma maravilha. Algo complexo, bonito de se ver, intrigante, cheio de detalhes.
Quero me descobrir cada dia mais, aceitar o que sou sempre e ter paciência comigo mesma.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Maria

Desde sua presença física aqui no mundo, Nossa Senhora sempre foi simples. Sempre guardou as coisas no coração, a começar por aquilo que ela não entendia. Não foi uma mulher impulsiva, de fazer e acontecer, mas sábia, recolhida. Agia no momento certo, intervinha na vida daqueles que amava, como fez no caso das Bodas de Caná, mas era discreta e atenta. Tinha uma presença que fazia toda a diferença, mas não fazia escândalo, alarde.


Penso na intrepidez dessa mulher que aceitou gerar o Filho de Deus numa sociedade má como a nossa, educá-Lo, instruí-lo, doar-se inteira nesse projeto de Deus, sabendo que O veria, como viu: nu, zombado, escarnecido, humilhado e crucificado injustamente. Ela conhecia os planos de Deus, mas era tão humana quanto eu! Eu também acredito no amor de Deus, mas sinto dores, sinto tristezas, me chateio ao passar por uma situação difícil. Maria é um exemplo perfeito de submissão à vontade divina. De amor e entrega. Mais do que qualquer ativista político, Maria, assim como seu Filho, deu a vida por aquilo em que acreditou.

Pensar na vida de Maria me faz pensar na minha. Porque sou mulher também, porque também pretendo me casar e ter filhos, porque serei esposa um dia, e porque quero, além disso, ser mulher em pé, como Maria. Ser uma mulher diferente, simples como as pombas e prudente como as serpentes. Discreta, capaz de dar a vida pelos que amo, capaz de ouvir mais do que falar, de obedecer em tudo à vontade Deus, de ter discernimento nas situações, de saber como agir, quando agir, sem me desesperar.

Minha mãe foi muito parecida com Maria em vários aspectos. Ela e meu pai me ensinaram a rezar o terço desde pequena e a recorrer a sua intercessão poderosa como um filho recorre à mãe.

A oração dos humildes. Repetitiva, sem novidade, simples, mas poderosa.

Quero ser feminina como Maria, bonita como Maria, mulher como Maria, mãe como Maria. Que as mulheres do mundo inteiro, antes de almejarem uma vida como a de Eva, queiram assemelhar-se a Maria, a mulher de verdade, Rainha e medianeira nossa. Amém.

terça-feira, 11 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Saudade

Há saudades que caminham comigo aconchegadas num lugar gostoso que a memória tem. Sei que estão lá, mesmo quando demoro um bocado de tempo para apreciar as histórias que me contam. São porta-jóias que guardam encantos que não morrem. Caixinhas de música, que, ao serem abertas, derramam melodias que me fazem dançar com elas de novo. São saudades capazes de amenizar o frio de alguns instantes com os seus braços de sol.

(Ana Jácomo)

Questão existencial

"Cegos se apaixonam à primeira vista?"

(Manuel Rolim)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Contrários

A música da minha fase atual...
É uma delícia ficar quietinha ouvindo...


Só quem já provou a dor
Quem sofreu, se amargurou
Viu a cruz e a vida em tons reais
Quem no certo procurou
Mas no errado se perdeu
Precisou saber recomeçar
Só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar
Porque encontrou na derrota algum motivo para lutar
E assim viu no outono a primavera
Descobriu que é no limite que o amor pode nascer

Que o verso tem reverso
Que o direito tem avesso
Que o de graça tem seu preço
Que a vida tem contrários
E a saudade é um lugar
Que só chega quem amou
E o ódio é uma forma tão estranha de amar

Que o perto tem distâncias
Que esquerdo tem direito
Que a resposta tem pergunta
E o problema solução
E que o amor começa aqui
No contrário que há em mim
E a sombra só existe quando brilha alguma luz.

Só quem soube duvidar
Pôde enfim acreditar
Viu sem ver e amou sem aprisionar
Quem no pouco se encontrou
Aprendeu multiplicar
Descobriu o dom de eternizar
Só quem perdoou na vida sabe o que é amar
Porque aprendeu que o amor só é amor
Se já provou alguma dor
E assim viu grandeza na miséria
Descobriu que é no conflito
Que o amor pode nascer

(Pe. Fábio de Melo)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Massa de pão

O silêncio interior tem sido algo muito bom para mim. E tem refletido também no exterior. Durante o dia ando mais comigo mesma, refletindo, pensando, avaliando. Como uma massa de pão descansando para crescer, assim estou eu, quietinha, introspectiva, crescendo, fermentando.
Quero me tornar bem grande.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Perfeição

"O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição."


(Clarice Lispector)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Momentos

Algumas situações não pedem palavras.
E tem dias em que o silêncio é uma forma de tentar entender o coração.
Existem muitas coisas em mim e vivo um período de silêncio. Não me forço a isso. Apenas faço. É o que minha vida pede. O que o coração me impele a fazer. Quando menos percebo, lá estou eu quietinha, pensando, analisando, refletindo.
Tenho querido estar comigo mesma.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Spa

É muito bom poder dar descanso à alma.
Na semana que passou eu coloquei minha alma e meu cérebro para descansar um pouco.
Fui reencontrar o que amo, o que me faz bem, outros ares, outras realidades. Fazia tempo que eu não oferecia esse spa a mim mesma. Estava gorda de mesmices, farta de rotina, daqueles hábitos que não trazem nada de mau, mas que também não possuem nada de novo. Como foi bom! Voltei leve, cheia de ideias, ânimo novo. Passo por muitos renascimentos ao longo do ano, e essa semana foi particularmente gostosa.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Lágrimas

Torça bem as lágrimas, uma a uma, até desencharcar o coração.

Depois, estenda a tristeza pra secar no varal da autogentileza.
Lá costuma bater sol.

(Ana Jácomo)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Amor-próprio

"Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama amor-próprio." (Chaplin)

Águia pequena

Tu me fizeste uma das tuas criaturas com ânsia de amar
Águia pequena que nasceu para as alturas, com ânsia de voar...
eu descobri que as minhas penas já cresceram!
e que eu preciso abrir as asas e tentar!
Se eu não tentar não saberei como se voa!
Não foi à toa que eu nasci para voar...

Pequenas águias correm riscos quando voam, mas devem arriscar.
Só que é preciso olhar os pais como eles voam, e aperfeiçoar...
Haja mau tempo, haja correntes traiçoeiras,
se já têm asas, seu destino é voar...
Têm que sair e regressar ao mesmo ninho,
E outro dia, outra vez recomeçar...

Tu me fizeste amar o risco das alturas
com ânsia de chegar.
E embora eu seja como as outras criaturas,
não sei me rebaixar.
Não vou brincar de não ter sonhos se eu os tenho.
Sou da montanha e na montanha eu vou ficar!
Igual meus pais vou construir também meu ninho,
Mas não sou águia se lá em cima eu não morar.

Tenho uma prece que eu repito suplicante
por mim, por meu irmão.
Dá-me essa graça de viver a todo instante
a minha vocação.
Eu quero amar um outro alguém do jeito certo.
Não vou trair meu ideais pra ser feliz.
Não vou descer nem jogar fora o meu projeto,
vou ser quem sou e sendo assim, serei feliz!

 (Pe. Zezinho)

sábado, 17 de abril de 2010

Esperança

Às vezes, se ficamos só pensando, não conseguimos compreender nossos mistérios. Mas isso acontece tão espontaneamente quando colocamos para fora verbalmente o nosso interior! Quando ousamos falar de nós mesmos, assumir nossas verdades, admitir o que sentimos sem receio... Ontem eu falei e agora estou escrevendo. Sinto-me leve. Crescendo. Conhecendo quem eu sou, o que quero e o que sinto de verdade. Sem enganações, sem ilusões, sem falsidade. Eu comigo mesma, com o outro e com Deus. Um círculo lindo, vivo, que traz a ESPERANÇA na resolução das coisas.
Tudo ficará bem. Isso é fato.
É certo como o nascer do Sol.
Há muita coisa a se pensar, mas não há com que se preocupar.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Minha bacia de jabuticaba

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mário de Andrade. Escritor poeta modernista do Brasil, 1893 -1945.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Meus oito anos

Ah, que saudades que tenho
da aurora da minha vida,
da minha infância querida,
que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,
naquelas tardes fagueiras,
à sombras das bananeiras,
embaixo dos laranjais!

(Casimiro de Abreu. Meus oito anos)

Adoro essa poesia... desde adolescente eu adorava recitá-la com meu pai.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Só (e tudo) isso

Aprendo todos os dias a ser simples. Sem complicações, sem relativismos, sem teorias mirabolantes, vazias, sem significado.

A vida é simples. É bela, dolorosa, intrigante, sem respostas, surpreendente, mas simples. É o que é. Dar voltas ao redor da realidade não muda o que ela é: concreta.
Simplicidade rima com verdade e hoje rima com o que tenho de mais rico pra oferecer: eu mesma. Sem rodeios, sem rótulos, sem máscaras. Aparentemente pobre, "simplista", mas verdadeira, livre. O resto é casca, é acidente, superficialidade mutável, transformável, que não diz de mim.
Fiz um pacto com a simplicidade. Ela tem sido uma das minhas melhores amigas atualmente.

domingo, 11 de abril de 2010

Primeiro pedaço!

Sim, ontem fiz 28 anos!
Parece pouco, eu acho. E mesmo sendo pouco, fico feliz por tanta coisa vivida. Esse aniversário foi muito diferente no meu coração. Foi definitivo. Foi um marco. Quando me perguntavam brincando: "Como você se sente com 28 anos?". Eu não tinha uma resposta precisa, mas agora vejo que me sinto diferente. Não pela idade, que é simplesmente uma convenção nossa, um dia após o outro, mas sim por me permitir entrar numa nova fase, mais lúcida, mais "cascuda" por força das dores vividas, mais pé no chão, sem estar incrédula, e menos empolgada, sem estar apática.
Os cursos da vida vão mudando e felizes de nós quando mudamos com eles. Quando lançamos fora o medo do novo e ousamos ver o que vem pela frente. Fiz isso a contragosto, por falta de opção, e colhi frutos maduros, no ponto certo que eu precisava para viver. Agora é outono, uma das minhas estações preferidas. Estou perdendo folhas, fazendo podas. Decidi fazer de novo, mas espontaneamente. Quero ver fruto que vai nascer.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um rato atropelado

Uma crônica que adorei. Jocosa. Própria para um fim de tarde.

Um rato foi atropelado ao tentar atravessar a rua. Em meio ao largo asfalto da avenida, seus restos jazem esmagados, quase irreconhecíveis, não fosse o rabo, inconfundível cauda comprida e fina de um rato que viveu se alimentando das nojeiras humanas. Um rato foi atropelado ao tentar atravessar a rua. E os carros seguem passando por cima do rato. Carros com gente séria, apressada, atrasada, alarmada. Carros com gente se escondendo em cigarros, telefones, óculos escuros. Gente se escondendo atrás da dissimulada seriedade. Gente correndo atrás de comida. Gente correndo atrás de gente. Em meio ao zumzumzum e ronronrom dos carros que passam sem elegância, apresentam-se as já secas vísceras do rato que foi atropelado ao tentar atravessar a rua. Talvez o autor do acidente nem saiba que o cometeu, mas eu sei que morreu um rato, porque vi os restos estraçalhados do que fora, há pouco, um rato. Se tinha filhos não sei. Sua idade, por onde andou, onde dormia são informações que ignoro. Só sei que um rato foi atropelado ao tentar atravessar a rua. Mas com tantas atrocidades por aí, pode dizer-me alguém, e enumerar com indignação a guerra, a fome, a aids, a violência, o meio ambiente em degradação. Porém, só o que me tirou do torpor ligeiro do dia-a-dia foi aquele rato que não teve sucesso na tentativa de chegar ao outro lado da rua. Que ia ele fazer no lado oposto é um mistério que nunca será revelado. Com o passar dos pneus, o tempo veloz não deixará nenhum vestígio daquele ser. Os carros seguirão passando, os senhores e senhoras continuarão passando, as crianças continuarão a brincar. Eu continuarei passando por ali e pode ser até que um dia este episódio se apague por completo da minha memória. Mas um rato foi atropelado ao tentar atravessar a rua.

(Wagner Machado)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O amor

O amor é muito mais que uma teoria, uma palavra bonita, uma poesia bem composta. O amor é vida!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Somos frutos das nossas escolhas

PARTE III
Atualmente a gente ouve falar muito de opção sexual, respeito, preconceito, liberdade. Essas são as palavras da moda. O que eu tenho pensado sobre isso é que sutilmente e, aos poucos, a sociedade caminha para uma ditadura disfarçada de democracia no que se refere à opinião das pessoas. Veja bem: na praia, outro dia, vi um homem dizer que não concorda com o homossexualismo, embora respeite quem é homossexual. O amigo dele respondeu: "fala baixo, senão você será processado por preconceito!".
Fiquei pensando na possibilidade disso realmente acontecer e transferi para outra situação. Existem muitas pessoas que não gostam da Igreja. Falam mal de padres, se dizem anticlericais. E nem por isso são processadas por preconceito contra os padres.
Eu não sou obrigada a apoiar o homossexualismo. Posso ser contrária a ele e não sou preconceituosa por isso. Seria um preconceito eu maltratá-los, discriminá-los, humilhá-los. Isso seria errado, mereceria punição. São seres humanos dignos de respeito como qualquer pessoa. Mas eu não preciso concordar ou aprovar o que eles fazem para não ser preconceituosa.
Existem muitas culturas no mundo. Cada uma tem um hábito, um modo de ser, uma comida diferente. Algumas me agradam, outras nem tanto, mas não significa que eu seja preconceituosa por não agir como determinada cultura, por não concordar com ela, por ter um pensamento diferente.
Hoje, se defende tanto o respeito ao que é diferente, mas se você pensa diferente de um homossexual, não é respeitado, e sim tachado de preconceituoso.
Poxa, se pensar diferente é a graça da convivência entre os seres humanos, se não existe nada de mal em pensar diferente, qual o problema de eu discordar de um e concordar com outro?
Escolho amar os seres humanos. Lutar pela sua dignidade. Respeitando meus costumes, meus gostos e os dos outros, sem deixar de ser eu mesma.

Tempo novo!

Decidir mudar.

Não que eu vá perder tudo o que já postei no outro blog. Pretendo trazer pra cá algumas coisas, até já trouxe algumas, armazenar, guardar pra mim, afinal foi mais de um ano de confidências por meio da "terapia do escrever". E me fez tão bem que decidi vir pra este novo endereço. Estou com novas expectativas quanto a isso.
Por favor continuem visitando e comentando, ok? Os comentários servem como um termômetro, um alento, uma companhia... Adoro lê-los!
Um abraço e seja bem-vindo!

Somos frutos das nossas escolhas

PARTE II

Não quero viver como uma planta que engasga e não diz a sua flor. Como um pássaro que mantém os pés atados a um visgo imaginário. Como um texto que tece centenas de parágrafos sem dar o recado pretendido. Que eu saiba fazer os meus sonhos frutificarem a sua música. Que eu não me especialize em desculpas que me desviem dos meus prazeres. Que eu consiga derreter as grades de cera que me afastam da minha vontade. Que a cada manhã, ao acordar, eu desperte um pouco mais para o que verdadeiramente me interessa.
Não quero olhar para trás, lá na frente, e descobrir quilômetros de terreno baldio que eu não soube cultivar. Calhamaços de páginas em branco à espera de uma história que se parecesse comigo. Não quero perceber que, embora desejasse grande, amei pequeno. Que deixei escapulir as oportunidades capazes de bordar mais alegrias na minha vida. Que me atolei na areia movediça do tédio. Que a quantidade de energia desperdiçada com tantas tolices poderia ter sido útil para levar luz a algumas sombras, a começar pelas minhas.
Que eu saiba as minhas asas, ainda que com medo. Que, ainda que com medo, eu avance. Que eu não me encabule jamais por sentir ternura. Que eu me enamore com a pureza das almas que vivem cada encontro com os tons mais contentes da sua caixa de lápis de cor. Que o Deus que brinca em mim convide para brincar o Deus que mora nas pessoas. Que eu tenha delicadeza para acolher aqueles que entrarem na roda e sabedoria para abençoar aqueles que dela se retirarem.
(Ana Jácomo)

Somos frutos das nossas escolhas

PARTE I

Escolher é algo que pode ser perigoso! São as escolhas que fazem de nós o que somos. Incrível como isso é verdade! Tenho aprendido que cada pessoa é o que é por escolha própria. Até os obesos são obesos porque escolheram ser. Interessante essa questão. Não que alguém um dia tenha dito: “meu sonho é pesar 240 quilos!” Não! Mas cada vez que ele teve oportunidade de comer e comeu um “pedacinho” a mais de pizza, repetiu “uma porçãozinha” a mais na comida, ingeriu “um docinho extra” só pra não sobrar na bandeja, bebeu aquele algo a mais etc., ele escolheu, ainda que indiretamente, engordar. Fez escolhas que o transformaram numa pessoa obesa. Mas foram escolhas pessoais.
Ninguém coloca comida na boca de ninguém a força. Ninguém nos obriga a tomar decisões na marra. Fazemos escolhas diariamente, que resultam naquilo em que nos transformamos. Ontem, quando fui alertada a isso, senti, paradoxalmente, uma grande calmaria dentro de mim.
Uma pessoa não escolhe, por exemplo, nascer num bairro precário, perigoso, sem recursos, mas escolhe permanecer lá ou não. Tudo é feito de escolhas. Curioso: podemos até mesmo escolher não escolher. Quando minha família pede pizza e me pergunta que sabor eu prefiro, posso escolher dizer: “o que a maioria pedir eu como!”. Eu estou escolhendo não escolher o sabor e devo assumir depois as consequências disso também. Até mesmo de não gostar da pizza, já que não quis opinar.
Parece confuso, mas é nossa vida. É o que fazemos a todo instante e é muito sério, porque além de traçarmos nossos caminhos, acabamos atingindo com nossas escolhas os que estão ao nosso redor. Escolher requer responsabilidade.

Sou fruto da paciência de Deus

Deus me fez com como um artesão. Pacientemente, com calma, com vontade, com capricho.

Deixar essa verdade tomar conta de mim é meu propósito para hoje.
É madrugada, meia-noite e quarenta e cinco. Nesse período acordada, enquanto trabalho penso em muitas coisas. Sinto-me agitada qual tempestade no mar.
Dúvidas, anseios, projetos de vida, recordações, lembranças, tudo se mistura e só Deus sabe qual será o resultado.
O que percebo é que não consigo manter cativo esse burburinho; deixá-lo escondido dentro de mim. O lugar dele não era aqui dentro causando estragos, aumentando a confusão.
Foi urgente vomitá-lo, com o perdão da palavra, torná-lo palavra, texto, desabafo, autoconhecimento.
Quem sabe algum dia eu consiga trabalhar todo esse barro e fazer dele uma bela obra de arte. No momento, o máximo que posso fazer é colher a matéria-prima.

Deus sempre nos salva

É impressionante como Deus nos dá demonstrações de cuidado todos os dias, mas a gente nem percebe. Se formos pesar toda a nossa vida, veremos que Ele sempre esteve presente. Naquelas horas de maior angústia, de sofrimento intenso, Ele nos amparou, nos deu a solução, inteligência e sabedoria pra administrar tudo, e a confusão passou. Sempre foi assim. Mas o que me intriga é que mesmo sabendo disso e experimentando essa realidade, ainda assim nos afligimos quando uma nova tormenta aparece. A gente vive experimentando a salvação de Deus e agindo como se não conhecêssemos Sua mão salvadora.

Somos teimosos, insistimos em nos desesperar, mas o Senhor sempre nos salva. Basta que O amemos, que entreguemos a Ele nosso coração e nossa vida, que confiemos.
Hoje preciso da salvação de Jesus em muitos aspectos. Nas novidades que surgem na minha vida, nas “velhidades” também, nas fraquezas e fortalezas. Quero em tudo reconhecer a salvação de Deus que sempre acontece.