sexta-feira, 30 de abril de 2010

Perfeição

"O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição."


(Clarice Lispector)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Momentos

Algumas situações não pedem palavras.
E tem dias em que o silêncio é uma forma de tentar entender o coração.
Existem muitas coisas em mim e vivo um período de silêncio. Não me forço a isso. Apenas faço. É o que minha vida pede. O que o coração me impele a fazer. Quando menos percebo, lá estou eu quietinha, pensando, analisando, refletindo.
Tenho querido estar comigo mesma.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Spa

É muito bom poder dar descanso à alma.
Na semana que passou eu coloquei minha alma e meu cérebro para descansar um pouco.
Fui reencontrar o que amo, o que me faz bem, outros ares, outras realidades. Fazia tempo que eu não oferecia esse spa a mim mesma. Estava gorda de mesmices, farta de rotina, daqueles hábitos que não trazem nada de mau, mas que também não possuem nada de novo. Como foi bom! Voltei leve, cheia de ideias, ânimo novo. Passo por muitos renascimentos ao longo do ano, e essa semana foi particularmente gostosa.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Lágrimas

Torça bem as lágrimas, uma a uma, até desencharcar o coração.

Depois, estenda a tristeza pra secar no varal da autogentileza.
Lá costuma bater sol.

(Ana Jácomo)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Amor-próprio

"Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama amor-próprio." (Chaplin)

Águia pequena

Tu me fizeste uma das tuas criaturas com ânsia de amar
Águia pequena que nasceu para as alturas, com ânsia de voar...
eu descobri que as minhas penas já cresceram!
e que eu preciso abrir as asas e tentar!
Se eu não tentar não saberei como se voa!
Não foi à toa que eu nasci para voar...

Pequenas águias correm riscos quando voam, mas devem arriscar.
Só que é preciso olhar os pais como eles voam, e aperfeiçoar...
Haja mau tempo, haja correntes traiçoeiras,
se já têm asas, seu destino é voar...
Têm que sair e regressar ao mesmo ninho,
E outro dia, outra vez recomeçar...

Tu me fizeste amar o risco das alturas
com ânsia de chegar.
E embora eu seja como as outras criaturas,
não sei me rebaixar.
Não vou brincar de não ter sonhos se eu os tenho.
Sou da montanha e na montanha eu vou ficar!
Igual meus pais vou construir também meu ninho,
Mas não sou águia se lá em cima eu não morar.

Tenho uma prece que eu repito suplicante
por mim, por meu irmão.
Dá-me essa graça de viver a todo instante
a minha vocação.
Eu quero amar um outro alguém do jeito certo.
Não vou trair meu ideais pra ser feliz.
Não vou descer nem jogar fora o meu projeto,
vou ser quem sou e sendo assim, serei feliz!

 (Pe. Zezinho)

sábado, 17 de abril de 2010

Esperança

Às vezes, se ficamos só pensando, não conseguimos compreender nossos mistérios. Mas isso acontece tão espontaneamente quando colocamos para fora verbalmente o nosso interior! Quando ousamos falar de nós mesmos, assumir nossas verdades, admitir o que sentimos sem receio... Ontem eu falei e agora estou escrevendo. Sinto-me leve. Crescendo. Conhecendo quem eu sou, o que quero e o que sinto de verdade. Sem enganações, sem ilusões, sem falsidade. Eu comigo mesma, com o outro e com Deus. Um círculo lindo, vivo, que traz a ESPERANÇA na resolução das coisas.
Tudo ficará bem. Isso é fato.
É certo como o nascer do Sol.
Há muita coisa a se pensar, mas não há com que se preocupar.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Minha bacia de jabuticaba

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mário de Andrade. Escritor poeta modernista do Brasil, 1893 -1945.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Meus oito anos

Ah, que saudades que tenho
da aurora da minha vida,
da minha infância querida,
que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,
naquelas tardes fagueiras,
à sombras das bananeiras,
embaixo dos laranjais!

(Casimiro de Abreu. Meus oito anos)

Adoro essa poesia... desde adolescente eu adorava recitá-la com meu pai.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Só (e tudo) isso

Aprendo todos os dias a ser simples. Sem complicações, sem relativismos, sem teorias mirabolantes, vazias, sem significado.

A vida é simples. É bela, dolorosa, intrigante, sem respostas, surpreendente, mas simples. É o que é. Dar voltas ao redor da realidade não muda o que ela é: concreta.
Simplicidade rima com verdade e hoje rima com o que tenho de mais rico pra oferecer: eu mesma. Sem rodeios, sem rótulos, sem máscaras. Aparentemente pobre, "simplista", mas verdadeira, livre. O resto é casca, é acidente, superficialidade mutável, transformável, que não diz de mim.
Fiz um pacto com a simplicidade. Ela tem sido uma das minhas melhores amigas atualmente.

domingo, 11 de abril de 2010

Primeiro pedaço!

Sim, ontem fiz 28 anos!
Parece pouco, eu acho. E mesmo sendo pouco, fico feliz por tanta coisa vivida. Esse aniversário foi muito diferente no meu coração. Foi definitivo. Foi um marco. Quando me perguntavam brincando: "Como você se sente com 28 anos?". Eu não tinha uma resposta precisa, mas agora vejo que me sinto diferente. Não pela idade, que é simplesmente uma convenção nossa, um dia após o outro, mas sim por me permitir entrar numa nova fase, mais lúcida, mais "cascuda" por força das dores vividas, mais pé no chão, sem estar incrédula, e menos empolgada, sem estar apática.
Os cursos da vida vão mudando e felizes de nós quando mudamos com eles. Quando lançamos fora o medo do novo e ousamos ver o que vem pela frente. Fiz isso a contragosto, por falta de opção, e colhi frutos maduros, no ponto certo que eu precisava para viver. Agora é outono, uma das minhas estações preferidas. Estou perdendo folhas, fazendo podas. Decidi fazer de novo, mas espontaneamente. Quero ver fruto que vai nascer.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um rato atropelado

Uma crônica que adorei. Jocosa. Própria para um fim de tarde.

Um rato foi atropelado ao tentar atravessar a rua. Em meio ao largo asfalto da avenida, seus restos jazem esmagados, quase irreconhecíveis, não fosse o rabo, inconfundível cauda comprida e fina de um rato que viveu se alimentando das nojeiras humanas. Um rato foi atropelado ao tentar atravessar a rua. E os carros seguem passando por cima do rato. Carros com gente séria, apressada, atrasada, alarmada. Carros com gente se escondendo em cigarros, telefones, óculos escuros. Gente se escondendo atrás da dissimulada seriedade. Gente correndo atrás de comida. Gente correndo atrás de gente. Em meio ao zumzumzum e ronronrom dos carros que passam sem elegância, apresentam-se as já secas vísceras do rato que foi atropelado ao tentar atravessar a rua. Talvez o autor do acidente nem saiba que o cometeu, mas eu sei que morreu um rato, porque vi os restos estraçalhados do que fora, há pouco, um rato. Se tinha filhos não sei. Sua idade, por onde andou, onde dormia são informações que ignoro. Só sei que um rato foi atropelado ao tentar atravessar a rua. Mas com tantas atrocidades por aí, pode dizer-me alguém, e enumerar com indignação a guerra, a fome, a aids, a violência, o meio ambiente em degradação. Porém, só o que me tirou do torpor ligeiro do dia-a-dia foi aquele rato que não teve sucesso na tentativa de chegar ao outro lado da rua. Que ia ele fazer no lado oposto é um mistério que nunca será revelado. Com o passar dos pneus, o tempo veloz não deixará nenhum vestígio daquele ser. Os carros seguirão passando, os senhores e senhoras continuarão passando, as crianças continuarão a brincar. Eu continuarei passando por ali e pode ser até que um dia este episódio se apague por completo da minha memória. Mas um rato foi atropelado ao tentar atravessar a rua.

(Wagner Machado)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O amor

O amor é muito mais que uma teoria, uma palavra bonita, uma poesia bem composta. O amor é vida!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Somos frutos das nossas escolhas

PARTE III
Atualmente a gente ouve falar muito de opção sexual, respeito, preconceito, liberdade. Essas são as palavras da moda. O que eu tenho pensado sobre isso é que sutilmente e, aos poucos, a sociedade caminha para uma ditadura disfarçada de democracia no que se refere à opinião das pessoas. Veja bem: na praia, outro dia, vi um homem dizer que não concorda com o homossexualismo, embora respeite quem é homossexual. O amigo dele respondeu: "fala baixo, senão você será processado por preconceito!".
Fiquei pensando na possibilidade disso realmente acontecer e transferi para outra situação. Existem muitas pessoas que não gostam da Igreja. Falam mal de padres, se dizem anticlericais. E nem por isso são processadas por preconceito contra os padres.
Eu não sou obrigada a apoiar o homossexualismo. Posso ser contrária a ele e não sou preconceituosa por isso. Seria um preconceito eu maltratá-los, discriminá-los, humilhá-los. Isso seria errado, mereceria punição. São seres humanos dignos de respeito como qualquer pessoa. Mas eu não preciso concordar ou aprovar o que eles fazem para não ser preconceituosa.
Existem muitas culturas no mundo. Cada uma tem um hábito, um modo de ser, uma comida diferente. Algumas me agradam, outras nem tanto, mas não significa que eu seja preconceituosa por não agir como determinada cultura, por não concordar com ela, por ter um pensamento diferente.
Hoje, se defende tanto o respeito ao que é diferente, mas se você pensa diferente de um homossexual, não é respeitado, e sim tachado de preconceituoso.
Poxa, se pensar diferente é a graça da convivência entre os seres humanos, se não existe nada de mal em pensar diferente, qual o problema de eu discordar de um e concordar com outro?
Escolho amar os seres humanos. Lutar pela sua dignidade. Respeitando meus costumes, meus gostos e os dos outros, sem deixar de ser eu mesma.

Tempo novo!

Decidir mudar.

Não que eu vá perder tudo o que já postei no outro blog. Pretendo trazer pra cá algumas coisas, até já trouxe algumas, armazenar, guardar pra mim, afinal foi mais de um ano de confidências por meio da "terapia do escrever". E me fez tão bem que decidi vir pra este novo endereço. Estou com novas expectativas quanto a isso.
Por favor continuem visitando e comentando, ok? Os comentários servem como um termômetro, um alento, uma companhia... Adoro lê-los!
Um abraço e seja bem-vindo!

Somos frutos das nossas escolhas

PARTE II

Não quero viver como uma planta que engasga e não diz a sua flor. Como um pássaro que mantém os pés atados a um visgo imaginário. Como um texto que tece centenas de parágrafos sem dar o recado pretendido. Que eu saiba fazer os meus sonhos frutificarem a sua música. Que eu não me especialize em desculpas que me desviem dos meus prazeres. Que eu consiga derreter as grades de cera que me afastam da minha vontade. Que a cada manhã, ao acordar, eu desperte um pouco mais para o que verdadeiramente me interessa.
Não quero olhar para trás, lá na frente, e descobrir quilômetros de terreno baldio que eu não soube cultivar. Calhamaços de páginas em branco à espera de uma história que se parecesse comigo. Não quero perceber que, embora desejasse grande, amei pequeno. Que deixei escapulir as oportunidades capazes de bordar mais alegrias na minha vida. Que me atolei na areia movediça do tédio. Que a quantidade de energia desperdiçada com tantas tolices poderia ter sido útil para levar luz a algumas sombras, a começar pelas minhas.
Que eu saiba as minhas asas, ainda que com medo. Que, ainda que com medo, eu avance. Que eu não me encabule jamais por sentir ternura. Que eu me enamore com a pureza das almas que vivem cada encontro com os tons mais contentes da sua caixa de lápis de cor. Que o Deus que brinca em mim convide para brincar o Deus que mora nas pessoas. Que eu tenha delicadeza para acolher aqueles que entrarem na roda e sabedoria para abençoar aqueles que dela se retirarem.
(Ana Jácomo)

Somos frutos das nossas escolhas

PARTE I

Escolher é algo que pode ser perigoso! São as escolhas que fazem de nós o que somos. Incrível como isso é verdade! Tenho aprendido que cada pessoa é o que é por escolha própria. Até os obesos são obesos porque escolheram ser. Interessante essa questão. Não que alguém um dia tenha dito: “meu sonho é pesar 240 quilos!” Não! Mas cada vez que ele teve oportunidade de comer e comeu um “pedacinho” a mais de pizza, repetiu “uma porçãozinha” a mais na comida, ingeriu “um docinho extra” só pra não sobrar na bandeja, bebeu aquele algo a mais etc., ele escolheu, ainda que indiretamente, engordar. Fez escolhas que o transformaram numa pessoa obesa. Mas foram escolhas pessoais.
Ninguém coloca comida na boca de ninguém a força. Ninguém nos obriga a tomar decisões na marra. Fazemos escolhas diariamente, que resultam naquilo em que nos transformamos. Ontem, quando fui alertada a isso, senti, paradoxalmente, uma grande calmaria dentro de mim.
Uma pessoa não escolhe, por exemplo, nascer num bairro precário, perigoso, sem recursos, mas escolhe permanecer lá ou não. Tudo é feito de escolhas. Curioso: podemos até mesmo escolher não escolher. Quando minha família pede pizza e me pergunta que sabor eu prefiro, posso escolher dizer: “o que a maioria pedir eu como!”. Eu estou escolhendo não escolher o sabor e devo assumir depois as consequências disso também. Até mesmo de não gostar da pizza, já que não quis opinar.
Parece confuso, mas é nossa vida. É o que fazemos a todo instante e é muito sério, porque além de traçarmos nossos caminhos, acabamos atingindo com nossas escolhas os que estão ao nosso redor. Escolher requer responsabilidade.

Sou fruto da paciência de Deus

Deus me fez com como um artesão. Pacientemente, com calma, com vontade, com capricho.

Deixar essa verdade tomar conta de mim é meu propósito para hoje.
É madrugada, meia-noite e quarenta e cinco. Nesse período acordada, enquanto trabalho penso em muitas coisas. Sinto-me agitada qual tempestade no mar.
Dúvidas, anseios, projetos de vida, recordações, lembranças, tudo se mistura e só Deus sabe qual será o resultado.
O que percebo é que não consigo manter cativo esse burburinho; deixá-lo escondido dentro de mim. O lugar dele não era aqui dentro causando estragos, aumentando a confusão.
Foi urgente vomitá-lo, com o perdão da palavra, torná-lo palavra, texto, desabafo, autoconhecimento.
Quem sabe algum dia eu consiga trabalhar todo esse barro e fazer dele uma bela obra de arte. No momento, o máximo que posso fazer é colher a matéria-prima.

Deus sempre nos salva

É impressionante como Deus nos dá demonstrações de cuidado todos os dias, mas a gente nem percebe. Se formos pesar toda a nossa vida, veremos que Ele sempre esteve presente. Naquelas horas de maior angústia, de sofrimento intenso, Ele nos amparou, nos deu a solução, inteligência e sabedoria pra administrar tudo, e a confusão passou. Sempre foi assim. Mas o que me intriga é que mesmo sabendo disso e experimentando essa realidade, ainda assim nos afligimos quando uma nova tormenta aparece. A gente vive experimentando a salvação de Deus e agindo como se não conhecêssemos Sua mão salvadora.

Somos teimosos, insistimos em nos desesperar, mas o Senhor sempre nos salva. Basta que O amemos, que entreguemos a Ele nosso coração e nossa vida, que confiemos.
Hoje preciso da salvação de Jesus em muitos aspectos. Nas novidades que surgem na minha vida, nas “velhidades” também, nas fraquezas e fortalezas. Quero em tudo reconhecer a salvação de Deus que sempre acontece.