segunda-feira, 31 de maio de 2010

Só riso

Essa madrugada foi interessante.
Sonhei não sei com quê. Não ficaram em mim as imagens do sonho, mas a sensação que elas produziram.
No meio do sonho me deu uma baita crise de riso. Eu ria mole, quase acordando, sem forças por causa do sono, mas ria pra valer, achando muita graça de alguma coisa que não sei descrever, porque não me lembro mais. Ria, ria, ria, até ficar ainda mais sem forças. Aí acordei mesmo. E ri novamente por lembrar do riso.
O corpo todo relaxado, embalado pela fraqueza gostosa do riso misturado à sonolência. E eu ri outra vez.
Aí, quando os motivos pareceram ter acabado, virei para o lado e dormi profundo de novo. Dessa vez com seriedade, como quem dá a devida importância ao ato de dormir.
Acordei hoje e a primeira lembrança que tive foi a do riso. Que será que houve comigo, meu Deus?
E saí da cama rindo outra vez.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

1/3 de mim

“A flor respondeu: ‘acha que abro minhas pétalas para que vejam? Não faço isso para os outros. É para mim mesma. Porque gosto. Minha alegria consiste em ser e desabrochar’.” (Schopenhauer)

Gosto de vida, de arte, de gente, de movimento.

Aprendi a amar a terra, o barro, o pisar na grama, sem deixar de apreciar grandes avenidas, construções, arranha-céus.

Gosto de bolacha de chocolate com mostarda, de comida agridoce, de frutas no meio da salada e de pimenta.

Banho de chuva, parque de diversões, cavalheirismo, lua cheia, um filme romântico, andar a cavalo, um bom livro e o ronronar de um gato no colo. No frio, um cálice de vinho tinto com um generoso pedaço de queijo. No calor, um banho gelado, lençol de cetim, passeio de mãos dadas na rua, caldo de cana na feira, andar de banana na praia e vento no rosto.

Amo o mar (como é grande!) para olhar, contemplar, relaxar, mas para nadar prefiro piscina. Água de coco, polenta frita, castanha do Pará, mussarela de búfala e almeirão temperado com limão galego.

Cozinhar com amigos, bater papo, encontrar gente querida, receber um presente inesperado, comer melão gelado (hummm!), olhar um beija-flor na janela da sala, dar banho no cachorro e vê-lo escapar molhado pela casa. Recordar histórias, pisar na neve, reler o livro preferido, assistir a um concerto musical, ir a Campos do Jordão e tomar um caldo quente, ver uma peça de teatro em São Paulo, comer bolinho de bacalhau, ter uma surpresa, tomar amarula, dançar quadrilha, ir à missa, morar em cidade grande, andar de escuna, conhecer lugares novos, conversar, falar inglês, viajar, revelar fotos, dormir profundo, ter um dia na semana só pra mim.

Dançar, usar vestidos de festa, salto alto, ouvir música boa, passear de buggy, comer acarajé, experimentar outros temperos, namorar, ouvir piadas, ver o sol nascer, dormir tarde, nadar em cachoeira, aprender coisas novas, receber olhares apaixonados, ouvir camelôs gritando na 25 de março, ir à Pinacoteca, escrever, segurar a bolsa e sentar na praça da Sé, ir ao cinema na Avenida São João, beber um submarino no “Rei do Mate”, comer pastel vagabundo, valorizar as pequenas coisas e trocar o salto pelo chinelo.

Sopa de laranja, salmão grelhado, suco de uva verde, migas, sorvete de panetone, pão com chocolate derretido.

Acordar com um “eu te amo”, dar risada de um tropeção, sentir que a vida está somente começando, ajudar e receber ajuda, sentir a liberdade de errar e poder voltar atrás, usar uma roupa confortável, pedir perdão, aterrissar depois de uma viagem longa, voltar pra casa, receber uma massagem no corpo todo, passear com cachorros, comer arroz e feijão, fazer planos, ver sonhos se realizando, viver a páscoa, fazer análise, admitir erros, sentir que o amor não acaba e que as pessoas são eternas.

sábado, 22 de maio de 2010

Solidão

Solidão não é estar longe das pessoas, mas não ser compreendido por elas. Vive-se a solidão quando se procura alguém disposto a ouvir e acolher, mas se encontra somente quem acuse e julgue. Quem tem pressa e vontade de cuidar das próprias coisas e não tem paciência de escutar uma partilha, captar nos detalhes a necessidade de um coração saudoso, sedento, humano. Vive-se a solidão quando aquele que se digna a ouvir demonstra desinteresse ou cansaço diante do que é dito. Vive-se a solidão quando no coração existe uma busca quase cansada de colo, carinho genuíno, mas se encontram prazos, regras rígidas que trazem tolhimento, não liberdade. Vive-se a solidão quando a vida anseia pela liberdade de poder ser ela mesma sem dar muita satisfação e continuar se sentindo amada, aceita. Vive-se a solidão quando se mendiga por atenção que todo mundo tem direito a ter, mas vc não. A não ser que seja e faça o que os outros querem.

Há vários tipos de solidão. Todas elas dolorosas. Todas elas tristes.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Observação

"Viajamos para admirar lugares, eventos da natureza ambiental e até o movimento das estrelas, no entanto não paramos para nos admirar. Não nos preocupamos com o que está dentro de nós, que é do que somos constituídos. Aliás, só buscamos entender as razões internas quando algum problema aparece, antes disso nem percebemos a existência desses processos orgânicos." (Santo Agostinho)

Com todos os meus processos e minhas dificuldades, com todas as minhas alegrias e meus crescimentos, e sem nenhum egocentrismo, admito que sou uma maravilha. O ser humano é uma maravilha. Algo complexo, bonito de se ver, intrigante, cheio de detalhes.
Quero me descobrir cada dia mais, aceitar o que sou sempre e ter paciência comigo mesma.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Maria

Desde sua presença física aqui no mundo, Nossa Senhora sempre foi simples. Sempre guardou as coisas no coração, a começar por aquilo que ela não entendia. Não foi uma mulher impulsiva, de fazer e acontecer, mas sábia, recolhida. Agia no momento certo, intervinha na vida daqueles que amava, como fez no caso das Bodas de Caná, mas era discreta e atenta. Tinha uma presença que fazia toda a diferença, mas não fazia escândalo, alarde.


Penso na intrepidez dessa mulher que aceitou gerar o Filho de Deus numa sociedade má como a nossa, educá-Lo, instruí-lo, doar-se inteira nesse projeto de Deus, sabendo que O veria, como viu: nu, zombado, escarnecido, humilhado e crucificado injustamente. Ela conhecia os planos de Deus, mas era tão humana quanto eu! Eu também acredito no amor de Deus, mas sinto dores, sinto tristezas, me chateio ao passar por uma situação difícil. Maria é um exemplo perfeito de submissão à vontade divina. De amor e entrega. Mais do que qualquer ativista político, Maria, assim como seu Filho, deu a vida por aquilo em que acreditou.

Pensar na vida de Maria me faz pensar na minha. Porque sou mulher também, porque também pretendo me casar e ter filhos, porque serei esposa um dia, e porque quero, além disso, ser mulher em pé, como Maria. Ser uma mulher diferente, simples como as pombas e prudente como as serpentes. Discreta, capaz de dar a vida pelos que amo, capaz de ouvir mais do que falar, de obedecer em tudo à vontade Deus, de ter discernimento nas situações, de saber como agir, quando agir, sem me desesperar.

Minha mãe foi muito parecida com Maria em vários aspectos. Ela e meu pai me ensinaram a rezar o terço desde pequena e a recorrer a sua intercessão poderosa como um filho recorre à mãe.

A oração dos humildes. Repetitiva, sem novidade, simples, mas poderosa.

Quero ser feminina como Maria, bonita como Maria, mulher como Maria, mãe como Maria. Que as mulheres do mundo inteiro, antes de almejarem uma vida como a de Eva, queiram assemelhar-se a Maria, a mulher de verdade, Rainha e medianeira nossa. Amém.

terça-feira, 11 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Saudade

Há saudades que caminham comigo aconchegadas num lugar gostoso que a memória tem. Sei que estão lá, mesmo quando demoro um bocado de tempo para apreciar as histórias que me contam. São porta-jóias que guardam encantos que não morrem. Caixinhas de música, que, ao serem abertas, derramam melodias que me fazem dançar com elas de novo. São saudades capazes de amenizar o frio de alguns instantes com os seus braços de sol.

(Ana Jácomo)

Questão existencial

"Cegos se apaixonam à primeira vista?"

(Manuel Rolim)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Contrários

A música da minha fase atual...
É uma delícia ficar quietinha ouvindo...


Só quem já provou a dor
Quem sofreu, se amargurou
Viu a cruz e a vida em tons reais
Quem no certo procurou
Mas no errado se perdeu
Precisou saber recomeçar
Só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar
Porque encontrou na derrota algum motivo para lutar
E assim viu no outono a primavera
Descobriu que é no limite que o amor pode nascer

Que o verso tem reverso
Que o direito tem avesso
Que o de graça tem seu preço
Que a vida tem contrários
E a saudade é um lugar
Que só chega quem amou
E o ódio é uma forma tão estranha de amar

Que o perto tem distâncias
Que esquerdo tem direito
Que a resposta tem pergunta
E o problema solução
E que o amor começa aqui
No contrário que há em mim
E a sombra só existe quando brilha alguma luz.

Só quem soube duvidar
Pôde enfim acreditar
Viu sem ver e amou sem aprisionar
Quem no pouco se encontrou
Aprendeu multiplicar
Descobriu o dom de eternizar
Só quem perdoou na vida sabe o que é amar
Porque aprendeu que o amor só é amor
Se já provou alguma dor
E assim viu grandeza na miséria
Descobriu que é no conflito
Que o amor pode nascer

(Pe. Fábio de Melo)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Massa de pão

O silêncio interior tem sido algo muito bom para mim. E tem refletido também no exterior. Durante o dia ando mais comigo mesma, refletindo, pensando, avaliando. Como uma massa de pão descansando para crescer, assim estou eu, quietinha, introspectiva, crescendo, fermentando.
Quero me tornar bem grande.