terça-feira, 17 de novembro de 2015

Minha carta pra você

Eu que sempre fui de escrever cartas, nunca havia escrito uma carta para a Sofia, minha filha de quase dois anos de vida.
É claro que ela não sabe ler ainda, mas as coisas têm sido tão intensas e rápidas, que senti necessidade de registrar com palavras algumas coisas das quais eu posso me esquecer com o tempo e que eu gostaria muito que ela soubesse.
Segue então minha carta apaixonada.

Minha querida Sofia,

Desde que você nasceu eu fui envolta por uma série de sentimentos e afazeres e minha vida ficou um tanto quanto conturbada. Mãe de primeira viagem tem muita coisa para aprender e isso toma tempo e atenção. Mas existem coisas que eu gostaria que você soubesse.

1)Você não foi planejada, mas foi desejada.
2) Quando eu vi que o teste de gravidez deu positivo, eu sorri. E chorei de emoção.
Eu continuo sorrindo até hoje. E chorando até hoje. Choro emocionada quando vejo você dormindo, brincando, toda pura, toda linda, toda cheia de vida. Choro de emoção por constatar como você cresce tanto a cada dia.
3) A gravidez me deu o sentimento de ser a pessoa mais poderosa da Terra. Eu me sentia orgulhosa e invencível. Carregar você dentro de mim foi algo mágico, transformador.
4) Assim que constatei a gravidez, combinei com o papai que pararia de trabalhar depois que você nascesse e me dedicaria somente a você. Você nasceu mais de dois anos atrás e eu amo estar com você 24 horas por dia.
5) A primeira coisa que aprendi com você foi não ter pressa para nada e viver cada momento de uma vez. Você me ensinou a não ser ansiosa, a viver cada coisa de uma vez.
6) Você me ensinou ainda mais a valorizar o que realmente tem valor. Parei de trabalhar fora por causa disso.
7) Sua alegria contagiante é combustível pra levantarmos melhores todos os dias.
8) Você começou a fazer aulas de natação aos 7 meses. Hoje você nada bem melhor do que a mamãe rs. Amo estar com você na piscina e aprender com seu destemor.
9) Você acorda de 3 em 3 horas desde que nasceu e eu fico muito cansada. Mesmo assim, não tem uma noite sequer que eu não seja feliz por tê-la ao meu lado. Amamento com prazer, vivo com prazer os dias e as noites mal dormidas. Levanto cansada, querendo dormir mais, mas basta pegar você no colo e aconchegá-la ao peito que eu choro de alegria por ser mãe.
10) Minha mãe fazia a mesma coisa comigo e eu achava loucura quando ela me contava. Hoje repito tudo com prazer e entendo tudo o que ela dizia.
11) Você cresceu muito rápido e mesmo com toda a rotina corrida que temos, acho que vale a pena ter mais dois filhos. Só não acho que este mundo louco seja digno de você e deles.
12) Você é a cara da vovó Dalva. Até boceja igual a ela. E isso me faz sentir muita saudade de ter mãe viva aqui na terra.
13) Você me chama pelo menos 30 vezes por dia. E não existe coisa melhor do que ouvir sua voz por perto.
14) Você é carinhosa com todos os seres vivos, como te ensinamos, mas não precisa mais brincar com os filhotinhos de barata quando você os encontrar por aí!
15) Agora, aos dois anos e alguns meses, você diz espontaneamente que me ama. Isso torna o meu mundo mais bonito.
16) Você tem crescido e se tornado minha "fiel escudeira". Companheirona minha para tudo. Até pra fazer xixi. rsrsrs
17) Não há palavras que descrevam o amor de uma mãe por um filho. Só quem vive compreende.
Você é nosso patrimônio, nosso tesouro, nosso primeiro pensamento do dia. Nossa vida é 100% dedicada a você e somos felizes assim.
18) Mesmo quando temos um tempo para nós, como casal, sem perceber começamos a falar sobre você e a nos lembrar com carinho e saudade de você.
19) Você é uma prova do nosso amor. Uma prova da existência de Deus. Uma prova de que a felicidade existe e é muito simples. É criança. É Sofia.

Eu te descobri

Três anos sem postar aqui no blog.
Eu tenho tanta coisa pra escrever, para deixar registrado, mas preferi viver pra mim, ou melhor, pra nós.
Existem coisas que são mais bonitas quando guardadas na intimidade. Não precisam ser ditas, reveladas a todos. Importa que temos vivido bem e muito lindamente.
Mas hoje me deu uma vontade imensa de republicar.
De desenferrujar os dizeres e me expressar por escrito aqui.
Nossa vida mudou muito depois do seu nascimento. Repensamos as prioridades e você sempre foi a primeira delas.
Eu pedi demissão do trabalho, papai abraçou uma nova vida financeira comigo e começamos a reconstruir nosso futuro com vc ao lado.
Mas o mundo vai nos engolindo e de repente eu me vi atolada de trabalhos caseiros e você junto, mas não com a qualidade de tempo que merecemos.
Foi então que puxei o freio novamente e passei a "repriorizar". Um dia eu correndo pra finalizar uma encomenda e você o tempo todo: "Mamãe, vamos montar uma torre?"
E eu: "Vamos! Mas depois! Agora mamãe não pode!"
E você: "Mamãe, vamos montar um castelo?"
E eu: "Daqui a pouco, amor. Agora mamãe não pode, tá?"
E você, minha mestra, minha mais importante professora, me disse:
"Por que agora você não pode? Só um castelo!"
E eu realmente pensei: "Por que agora eu não posso? Tudo bem, temos um trabalho a fazer e é daí que vem nosso sustento, mas esse momento não vai existir mais daqui um tempo. Nós mudamos a vida por ela e ela está tendo que esperar todos os dias para construir um castelo?"
Parei tudo e montei o castelo.
Sua alegria foi imensa.
A minha também.
Montei sem pressa, naquele dia agitado.
Você não tem pressa, filha. Você vive num mundo saudável, de brincadeiras e paz, uma coisa de cada vez, sem preocupações desnecessárias. Você vive pra me ensinar a viver.
Entrei no seu ritmo, brincamos bastante e eu fui bem mais calma finalizar o meu trabalho, enquanto você ficava feliz inventando outra  brincadeira.
Tem sido assim todos os dias.
Tomamos banho de balde no quintal, vamos ao parque, montamos seu castelo, penduramos a roupa no varal, brincamos com as cachorras, lemos livros, tudo no seu tempo. Você é presente. Sem passado e sem futuro. É agora sem imediatismo. É agora. É feliz no hoje, no instante vivido. E isso tem melhorado o meu tempo. Tem ampliado a qualidade da nossa vida.
Você me faz feliz. Amo você, meu presente.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Salve-se quem puder!

Virou clichê a expressão “o país está um caos”. Todas as pessoas dizem isso, todo mundo enxerga isso e as coisas continuam iguais. Jornais estampam tragédias, corrupção, mentiras, violência, roubos, mortes e algumas notícias de esporte e novelas para amenizar a situação, mas a realidade é que cresce a olhos vistos a impunidade e a criminalidade no país.

Recentemente, o governo de São Paulo e a prefeitura da capital paulista se uniram para realizar a operação Cracolândia. Era necessário tomar algumas medidas naquela região; sempre foi. Mas o governo, que é tão criminoso quanto os traficantes, sonegou, roubou dinheiro do povo, não investiu em saúde e educação, não construiu mais hospitais e clínicas de recuperação, não capacitou profissionais para o tratamento adequado dessas pessoas e, de uma hora para outra, para “mostrar serviço”, colocou os PMs na rua, dispersando os viciados, espalhando-os pela cidade e “limpando” o bairro, como se isso fosse solução. E se for feita uma averiguação honesta, a conclusão será de que muitos ali viciados são frutos de uma sociedade desestruturada, da falta de condições dignas de sobrevivência, de erros dos próprios membros do governo, que encheram seus bolsos de dinheiro público enquanto a maioria da população batalhava para viver, acordando às 4h da manhã, tomando 2, 3 conduções lotadas, trabalhando 10, 12 horas por dia para ganhar pouco mais de um salário mínimo e ainda tendo que pagar aluguel, uma porção de contas e sustentar filhos.

O jornal Folha de S.Paulo do dia 15 de janeiro mostrou uma pesquisa do Datafolha provando que os viciados da Cracolândia apresentam dados socioeconômicos bem abaixo da média da população. De todos os viciados, 64% concluíram, no máximo, o ensino fundamental e nunca conseguiram emprego. O jornal os chamou de “os excluídos dos excluídos” e afirmou: “A droga é efeito, não causa da exclusão. A pessoa já vive excluída da sociedade e sua miserabilidade faz a droga florescer. [...] Droga não é reacreacional, é fuga!” (Folha de S.Paulo, 15 de janeiro de 2012, C1).

E não para por aí. De um lado a Cracolândia. Paralelamente a isso, a pobreza, o sistema de saúde vergonhoso, o transporte público caótico, os juízes (juízes!) enriquecendo ilicitamente, deputados ganhando salários de R$ 26,7 mil, com direito a férias de 78 dias, além de 14º e 15º salários! E o centro de reabilitação para drogados da Cracolândia ainda demorará um mês para ser construído.

E se quisermos estender a lista de absurdos, ainda encontraremos o prefeito de Teresópolis roubando dinheiro destinado a reconstruir a cidade devastada pela chuva, os presídios superlotados propagando revoltas e agressividade nos detentos, superfaturação na construção das obras para a Copa do mundo, ministros da presidência envolvidos nos mais variados tipos de escândalo, os crimes hediondos do Jader Barbalho que vão prescrever e ele não será punido, a lei da ficha limpa que não entrou em vigor, o jornal O Estado de S. Paulo, que está sob censura há mais de 887 dias por ter publicado escândalos do senador José Sarney e muitas outras barbaridades pesando sobre o povo brasileiro.

O povo brasileiro é muito forte. Tem muita raça, muita esperança dentro de si. Se não fosse assim, já teria sucumbido diante da vida difícil que leva.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Doído

Tudo tem um começo e um fim.
Tudo.
Até o que a gente jamais imaginou.
A vida nos oferece muitas coisas.
A minha tem oferecido bastante sofrimento ultimamente.
Conforta pensar que tudo passa. Tudo passará!
O que queremos e o que não queremos.
O que é bom e o que é ruim.
Mesmo aquilo que fizemos muito esforço para que durasse mais um pouco.
Tudo acaba.
É um mundo finito este aqui.
É doído, mas melhor assim.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Avante!

Deus me deu a graça de amadurecer em alguns aspectos da minha vida. E com o tempo, sem perceber, fui deixando de lado algumas posturas novas para voltar às velhas. Hoje recomeço. Bato a poeira do sapato e assumo o tempo novo, o crescimento, a mudança. Porque quero ser cada dia melhor.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Minha humanidade

Eu realmente sou humana. Daquele tipo que se esquece muito facilmente que tudo nesta vida tem conserto.
E me deixo amargurar, às vezes, por problemas que aparecem, por dificuldades grandes, que no fim, sempre se ajeitam. Hoje acordei cheia de esperança. Acordei feliz. O dia lá fora tá nublado, cinzento, como ontem, mas estou achando tudo tão lindo!
Como se num passe de mágica as coisas tivessem se ajeitado, ou minha visão das coisas tivesse melhorado. De uma forma ou de outra, me arrependo de ter envolvido várias pessoas no meu estresse. E ao mesmo tempo, sei que a presença delas é que me ajudou a estar melhor.
Sou humana. E amo ser assim.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mudanças da vida

Era natural eu reclamar, às vezes, das mudanças da vida.
Justo eu, que sempre condenei a estagnação, a mesmice.
Mesmo gostando de mudanças, quando os momentos bons acabavam eu me chateava e dizia: que pena! Mais um que foi embora!
Faz alguns anos já que, vendo passar tantas coisas boas e pessoas melhores ainda, tenho conseguido aceitar com paz essas transições da vida, sabendo, do fundo do coração, que fases interessantes, pessoas incríveis e coisas boas sempre existirão. Nunca serão como as de antes, pois cada uma tem seu brilho, sua graça, mas saber fazer essa troca é justamente a chave da felicidade.
Isso não anula o sentimento verdadeiro de amor que senti pelo que acabou, mas eu sou livre para aceitar o novo que está chegando e deixar passar o passou.
E cada recomeço é uma nova flor dentro de mim, um novo jardim que vou adubando, reconstruindo, corrigindo erros, aperfeiçoando minha personalidade, melhorando como pessoa.
Estou feliz com minha vida atual. Não é bem do jeito que eu gostaria que ela fosse, não é do jeito que eu imaginei que ela fosse, mas estou surpresa com as riquezas que tenho conseguido extrair dela.
Deus é fantástico em tudo que faz. Ele sempre pensa além. Sempre nos favorece e minha vida é cheia do Seu amor.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A minha medida

Desde o momento em que criei o blog até agora tenho estado atenta ao encontro da "minha medida".
É uma busca constante, e em muitos aspectos eu já a encontrei.
Descobri que não preciso e nem devo forjá-la. Ela existe. Bastava descobri-la e repeitá-la.
Conhecer a mim mesma cada dia mais tem sido muito interessante. Ser amiga de mim mesma também.
Passei a viver mais feliz, com mais liberdade e mais completa.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O momento novo

Igualzinho ao que acontece com todas as pessoas, num trecho ou outro da estrada, eu já senti tanta dor que parecia que os golpes haviam me quebrado toda por dentro. Não sabia se era possível juntar os pedaços, por onde começar, nem se o cansaço me permitiria movimentos na direção de qualquer tentativa. Quando o susto é grande e dói assim, a gente precisa de algum tempo para recuperar o fôlego outra vez. Para voltar a caminhar sem contrair tanto os ombros e a vida. Um espaço para a gente quase se reinventar.


O tempo passa. O fôlego retorna. Parece milagre, mas as sementes de cura começam a florescer nos mesmos jardins onde parecia que nenhuma outra flor brotaria. A alma é sábia: enquanto achamos que só existe dor, ela trabalha, em silêncio, para tecer o momento novo. E ele chega.

Ana Jácomo