terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Salve-se quem puder!

Virou clichê a expressão “o país está um caos”. Todas as pessoas dizem isso, todo mundo enxerga isso e as coisas continuam iguais. Jornais estampam tragédias, corrupção, mentiras, violência, roubos, mortes e algumas notícias de esporte e novelas para amenizar a situação, mas a realidade é que cresce a olhos vistos a impunidade e a criminalidade no país.

Recentemente, o governo de São Paulo e a prefeitura da capital paulista se uniram para realizar a operação Cracolândia. Era necessário tomar algumas medidas naquela região; sempre foi. Mas o governo, que é tão criminoso quanto os traficantes, sonegou, roubou dinheiro do povo, não investiu em saúde e educação, não construiu mais hospitais e clínicas de recuperação, não capacitou profissionais para o tratamento adequado dessas pessoas e, de uma hora para outra, para “mostrar serviço”, colocou os PMs na rua, dispersando os viciados, espalhando-os pela cidade e “limpando” o bairro, como se isso fosse solução. E se for feita uma averiguação honesta, a conclusão será de que muitos ali viciados são frutos de uma sociedade desestruturada, da falta de condições dignas de sobrevivência, de erros dos próprios membros do governo, que encheram seus bolsos de dinheiro público enquanto a maioria da população batalhava para viver, acordando às 4h da manhã, tomando 2, 3 conduções lotadas, trabalhando 10, 12 horas por dia para ganhar pouco mais de um salário mínimo e ainda tendo que pagar aluguel, uma porção de contas e sustentar filhos.

O jornal Folha de S.Paulo do dia 15 de janeiro mostrou uma pesquisa do Datafolha provando que os viciados da Cracolândia apresentam dados socioeconômicos bem abaixo da média da população. De todos os viciados, 64% concluíram, no máximo, o ensino fundamental e nunca conseguiram emprego. O jornal os chamou de “os excluídos dos excluídos” e afirmou: “A droga é efeito, não causa da exclusão. A pessoa já vive excluída da sociedade e sua miserabilidade faz a droga florescer. [...] Droga não é reacreacional, é fuga!” (Folha de S.Paulo, 15 de janeiro de 2012, C1).

E não para por aí. De um lado a Cracolândia. Paralelamente a isso, a pobreza, o sistema de saúde vergonhoso, o transporte público caótico, os juízes (juízes!) enriquecendo ilicitamente, deputados ganhando salários de R$ 26,7 mil, com direito a férias de 78 dias, além de 14º e 15º salários! E o centro de reabilitação para drogados da Cracolândia ainda demorará um mês para ser construído.

E se quisermos estender a lista de absurdos, ainda encontraremos o prefeito de Teresópolis roubando dinheiro destinado a reconstruir a cidade devastada pela chuva, os presídios superlotados propagando revoltas e agressividade nos detentos, superfaturação na construção das obras para a Copa do mundo, ministros da presidência envolvidos nos mais variados tipos de escândalo, os crimes hediondos do Jader Barbalho que vão prescrever e ele não será punido, a lei da ficha limpa que não entrou em vigor, o jornal O Estado de S. Paulo, que está sob censura há mais de 887 dias por ter publicado escândalos do senador José Sarney e muitas outras barbaridades pesando sobre o povo brasileiro.

O povo brasileiro é muito forte. Tem muita raça, muita esperança dentro de si. Se não fosse assim, já teria sucumbido diante da vida difícil que leva.

Um comentário: